quinta-feira, 17 de setembro de 2015

sobre o papel atribuído por ninguém

Pensando sobre quando até mesmo o ato de se doar pode ser egoísta. É errado se sentir bem quando você participa da felicidade de alguém? Seria esse um ato de falso altruísmo?

A necessidade de autoafirmação é nociva e perigosíssima. Não é de se surpreender quando alguém extremamente caridoso no fundo realmente não se importa. É um ato que espera o reconhecimento, na tentativa de preencher um vazio que não encontra respostas em si mesmo. É nesse impasse que se perde o que parece ser muito mais relevante: afinal, amar ao outro também não significa ressignificar-se?

Aqui também vem a culpa. Sentir-se mais satisfeito quando age pelo outro do que quando age por si.
É por amor verdadeiro, ou é por achar que assim se é mais evoluído? Por acreditar que é possível que haja uma hierarquia entre o amor-próprio e o amor compassivo? Não encontrei a saída.

O amor sai de mim de forma genuína, eu o sinto profundamente. Mas às vezes ele procura por uma resposta. E quando ela vem, tenho a sensação de dever cumprido. De que cumpro o meu papel, atribuído por ninguém. De que amei por ações e palavras.

Mas logo em seguida, vem a frustração por saber que não deveria criar esse tipo expectativa. De que ela serve? Será que preciso dela pra saber que estou seguindo o caminho bom? Pra saber que posso permanecer sendo quem eu sou, porque, de alguma maneira, isso afetou positivamente a alguém? Isso é terrível. É ser orgulhoso. É preciso que se compreenda. Mas se eu olhar demais para dentro de mim, como poderei continuar amando ao próximo sem ser individualista?

Não quero morar em mim. Fugir também é errado. A verdade é que quero habitar em outros corações e, às vezes, saber se sou bem vinda. Fico lendo as coisas que me falam tentando me enxergar. Afinal, como hospedar todas essas coisas?

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