segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dando notícia

É difícil. Ou como está na moda falar, é tenso. De uma hora pra outra (tem algo de imperceptível nisso) deve-se encarar a dura realidade de virar "gente grande". As minhas responsabilidades deixaram de ser fechar a janela no horário da malária. Eu fazia isso na casa do meu pai, e depois disso eu podia brincar. É uma pena que eu não tinha com quem fazer isso, mas enfim. Depois já foi algo muito sério voltar pra casa de ônibus, sozinha! Eu não podia esquecer o cartão, ou o dinheiro da passagem, ou perder o ônibus. Mas se eu perdesse, poderia ligar pra minha mãe, e mesmo levando umas broncas, conseguir uma carona de volta pra casa. Andar nas ruas à noite era raro, perigoso. Dinheiro era só o da mesada, pra comprar algum lanche na escola, no recreio. As roupas apareciam lavadas e passadas em cima da cama, as compras no armário (pelo menos antigamente era assim que funcionava, risos). Nada parecia ser tão fácil como realmente era. Acontece que se hoje eu perder o ônibus, a frase certa é: se fodeu, bróder ( e a gente aprende a usar uns palavrões também). Não adianta nem começar a pensar: não tem ninguém que você possa ligar. Preciso internalizar isso algumas vezes durante a semana. Recordo de momentos em que eu sabia que tinha que me virar sozinha, mas eu ligava pra minha mãe só pra dizer que eu tava ferrada. Agora eu já aprendi (de vez em quando ainda ligo pra um certo alguém que está sempre disposto, ou mesmo não estando, me ouve mesmo assim). Se vire, você já é maior de idade. Você ganha um salário, mesmo sendo esse salário um pedaço do salário do seu pai, hehe. Administre, arrume sua roupa, faça seus trabalhos, estude, aprenda. Incrível como você sempre tem que lembrar de absolutamente tudo. Uma pequena coisa é capaz de atrapalhar o seu dia inteiro. Só quebrando a cara pra não errar mais, e ainda assim não é o suficiente. Coisas simples como esquecer uma chave ou um papel estragam tudo que você planejou. E não há escape, não adianta chorar. A variedade de coisas a se fazer é imensa (variedade imensa é pleonasmo?). Já nem me lembro das coisas que me matei de estudar pra passar no vestibular. É preciso tirar um força lá do fundo pra não querer fugir disso. E até parece que tem como. O mais engraçado é que isso é natural, ou deveria ser, afinal todo mundo passa por isso. A cidade não para à noite... ninguém tem medo de andar por aí? Todos simplesmente passaram a fazer isso, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Curioso, pra não dizer engraçado, pra não dizer triste. Gente, e se o despertador não tocar? Minha mãe não vai ficar lá fora buzinando, me esperando. Eu vou chegar atrasada, eu vou levar falta, eu vou passar o dia todo me culpando por isso. E se minha sandália arrebentar no meio da rua? Ela não vai me buscar pra gente ir ali comprar uma havaiana. Achei até engraçado esse texto, a adolescente desesperada detected. Por favor não riam nem se preocupem, eu (não) vou me adaptar. E o não entre parênteses é só pra fazer alusão àquela música que eu ouvia quando tudo era mais fácil. Mas acho que melhora. Ah, se melhora. É bom, você vai ver. É o que todos dizem. Então vai lá doidona, anda de noite, atravessa a rua sozinha, ponha o óculos escuros e finja que está tudo bem e o mundo é seu.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Eu tenho fé na força do silêncio;

Cansada de ficar calada mas com preguiça de falar. Pronto, falei.